quinta-feira, 19 de setembro de 2013

VÍDEO: ENTREVISTA COM LENA SOUZA - CAMPEÃ MUNDIAL DE ORATÓRIA










ARTIGO: VOCÊ TEM HORROR DE FALAR EM PÚBLICO?


                                                



VOCÊ TEM HORROR DE FALAR EM PÚBLICO?





Se a resposta é sim, fique calmo. Você está na companhia de quase toda a humanidade.

Falar em público é uma das atribuições mais importantes de todo profissional. Calma. Não estamos colocando você com um microfone diante de 100.000 pessoas no Morumbi ou no Maracanã. Estamos falando de coisas menos espetaculares, como, por exemplo, falar para meia dúzia de pessoas numa reunião e ali, diante dessa pequena platéia, apresentar um projeto, vender uma ideia ou se colocar numa discussão. Falar em público, para um profissional, é quase sempre isso. Simples assim - e complicado assim. Parece banal, mas só parece. Falar em público, ainda que para audiências "nanicas", inspira medo, às vezes, terror até. Esse medo é um dos males mais comuns no mundo do trabalho.

Carreiras podem ir ao chão como folhas se a dificuldade de falar em público não for contornada. Atenção: ninguém está dizendo que você tem que adquirir o desembaraço, e mesmo a cara-de-pau, de um velho senador da República. Trata-se, basicamente, de ser capaz de expor com clareza as idéias numa sala de reuniões. Veja o resultado de uma pesquisa feita pelo jornal inglês Sunday Times com 3.000 americanos. A pergunta era: qual o seu pior medo? As respostas:

41% disseram que era falar em público

32% têm mais medo de altura

22% de insetos

22% de ter problemas financeiros

19% de doença

19% da morte

Uma outra pesquisa realizada com 10 000 australianos mostra que um terço dos entrevistados diz preferir a morte a falar em público. Você pode não ter chegado a esse ponto, o que é bem razoável, mas tente se lembrar de quantas vezes você quis sumir quando soube que teria que fazer uma apresentação. Ou ficou quieto numa reunião com medo de dar a sua opinião. Ou, ainda, recusou convites que seriam importantes para a sua carreira. Identificar o medo e enfrentá-lo são as melhores formas de impedir que ele atrapalhe o seu desenvolvimento profissional. Como é que um projeto pode ser aprovado se você estiver tremendo nas bases na hora de apresentá-lo? Será que algum cliente deixou de comprar porque você não estava confiante ao expor seu produto?

Saber comunicar-se é essencial para quem quer ir para a  frente na profissão. De que adianta ser o melhor em algo se ninguém souber disso? Faz parte do seu marketing pessoal. Pode estar certo de que, cada vez que você evitar aparecer, alguém estará fazendo o movimento contrário. As chances de seu concorrente conquistar mais espaço são inquestionáveis. E você vai ver o seu lugar diminuir e diminuir. É duro. Mas é assim. Quem vai saber quem é você ou o que você pensa? "Saber falar em público é pré-requisito para quem pretende ser um líder", diz Edson Bueno, presidente do grupo Amil. Bueno passou muitos anos fugindo de apresentações e conseguiu vencer o seu medo.

Uma enquete realizada por VOCÊ s.a. na Internet no final de abril mostra o quanto esse temor atinge os executivos brasileiros. Os números: 64% de 481 leitores que responderam à pesquisa dizem ter medo de falar em público e  66% de 261 assumem que esse é um de seus maiores medos. "Cerca de 90% das pessoas que procuram meu curso têm medo de falar em público", diz Reinaldo Polito, professor de expressão verbal há mais de 20 anos e autor de nove livros sobre o assunto. "Muita gente não reconhece esse medo e tenta se justificar com outras desculpas", diz o analista junguiano Luciano Colella, de São Paulo. "É bom começar a prestar atenção nisso."

Duas notícias para você. A má: vencer esse medo é fundamental para você ter chance de sucesso. A boa: é possível dominar esse medo e até fazê-lo trabalhar em seu favor. "Não existe nada realmente especial em falar em público. Não é um dom genético herdado nem está sujeito à inspiração divina", afirma o americano Jack Valenti em seu livro A Fácil Arte de Falar em Público. "É um ofício que se aprende, exatamente como se aprende o ofício de marceneiro, de esquiador, de saxofonista." Valenti é um conferencista muito requisitado. Ele foi redator dos discursos do presidente americano Lyndon Johnson e desde 1966 é porta-voz da indústria de distribuição e produção de filmes nos Estados Unidos. Seu livro foi editado pela última vez no Brasil em 1983, pela Editora Record, e já está fora de catálogo.

A seguir,  uma reunião em sete passos, do que a Você s/a,  livros, professores de expressão verbal, psicólogos e profissionais bem-sucedidos julgam  que você precisa saber para que essa dificuldade não atrapalhe o seu sucesso.

1) SAIBA O QUE VOCÊ VAI FALAR

A primeira coisa que você deve ter em mente quando for falar em público é: saiba o que vai dizer. Leia, pesquise, se interesse, domine o assunto. Isso vale para qualquer tipo de apresentação. "Seja a apresentação de duas linhas de outro orador, um brinde após um jantar, uma apresentação formal para uma grande convenção (...) ou a proposta de um orçamento para um conselho de diretores", diz Valenti. Como membro da Academia de Hollywood, Valenti já esteve em várias cerimônias de entrega do Oscar e diz que ficou assombrado ao ver profissionais do cinema gaguejarem, mesmo com cartões de deixas, e às vezes divagarem com improvisações, fazendo gelar o sangue do diretor. A explicação que ele dá para isso? "Falta de preparação, certa negligência quanto aos pontos básicos, falta de familiaridade total com o que deverá dizer", afirma Valenti. É preciso ter intimidade com o assunto. Se o tema é, por exemplo, transporte de cargas, mais do que decorar quantos caminhões são utilizados pela empresa ou outros números, vá até o local onde o processo começa, converse com as pessoas que trabalham com isso, etc. Assim, mesmo que você esqueça um detalhe técnico na hora da apresentação, poderá relatar algum fato interessante. Uma boa história pode ser mais eficiente para passar o que você precisa.

"Ter experiência no assunto, ter casos para contar é um diferencial", diz o consultor Pedro Mandelli, que tinha pavor de falar em público e hoje arranca aplausos entusiasmados no final de suas apresentações. Conheça o máximo que você puder. Nunca ache que você sabe o bastante e não precisa aprender mais. É importante sobrar informação. Tenha em mente um bom roteiro do que quer falar, das principais idéias. "Muitos estudos mostram que as pessoas se lembram de poucos fatos ou informações que os palestrantes passam", diz o médico americano Morton C. Orman, num texto publicado na Internet sobre como superar o medo de falar em público. Orman é um dos fundadores da Sociedade para o Bem-Estar Profissional (Society for the Professional Well-Being), uma associação americana de prevenção do estresse. "O público quer apenas as idéias que fazem diferença. Com isso em mente, você terá melhores resultados e ficará menos ansioso", diz ele.

Um estudo realizado pela Universidade da Califórnia, a UCLA, em Los Angeles, mostra que apenas 7% do impacto provocado no público vêm da parte verbal da apresentação. Os maiores impactos vêm da voz (38%) e da linguagem corporal (55%). O que não quer dizer que você não deve dar máxima atenção ao conteúdo, que é a razão de ser de qualquer apresentação. Só não faça dele uma fonte inesgotável de ansiedade. Concentre-se naquilo que você quer que fique na cabeça das pessoas. Outro dado para ajudar a diminuir o seu medo: "Quando esquecemos uma palavra, o branco que parece durar uma eternidade demora apenas alguns segundos para quem nos assiste", afirma Polito. "Para os outros, pode parecer apenas uma pausa natural."

Lembre também que dificilmente você será requisitado para falar de algo que não entenda. "Toda vez que eu estou na frente do público, penso que sou a melhor pessoa do mundo para falar daquele assunto", afirma a empresária Wilma Bolsoni, de São Paulo. Esse é um dos recursos que ela utiliza depois que falhou numa apresentação importante. "Senão, eu não teria por que estar ali." Mas não seja arrogante e nem subestime a inteligência de quem está ouvindo você. Seria um grande erro. É preciso ter uma atitude equilibrada. Nem arrogância, nem submissão. "É impossível seduzir o público se você parece pedir desculpas por existir", diz o professor Oswaldo Melantonio, um dos precursores dos cursos de oratória no Brasil, que deu aula por 50 anos. Além de dominar o assunto (o que é essencial para se sentir seguro), você deve acreditar nas idéias que pretende passar. Se não estiver convencido, dificilmente vai conseguir convencer os outros. Outra dica: "Você só consegue persuadir seu público se o seu discurso tiver emoção, se você der a entonação correta", diz Maria Alice Leonardi, professora de oratória há dez anos em São Paulo, e que dá aulas para diversos advogados da OAB, Ordem dos Advogados do Brasil.

2) CONHEÇA O TERRENO EM QUE VAI PISAR

Nunca faça uma apresentação sem conhecer algumas informações básicas: para quem você vai falar, o que esse público quer ouvir, quanto tempo você terá, se você será o único orador, qual a ordem das apresentações, se haverá um período para perguntas e respostas, se você vai falar durante uma refeição, o local da apresentação, que instrumentos estarão à sua disposição (retroprojetor, computador com programa para fazer apresentações, televisão, vídeo, lousa, etc). "Com isso em mente você evita cair em armadilhas e sente mais segurança", afirma Paulo Flores, consultor de relações públicas do Banco Central e especialista em comunicação. Prepare-se para todo tipo de pergunta. É inevitável que o público levante questões menos exploradas na sua apresentação.

Se você realmente dominar o assunto, tem como prever muitas dúvidas e possíveis objeções. "Seja seu próprio advogado do diabo", diz Wilma. "Assim, é possível mapear uns 90% das perguntas que podem aparecer." Você pode ser ainda mais precavido - o que só vai lhe dar mais segurança. "Sempre me preparo se vou a um lugar em que posso ser chamado para dar a minha opinião", afirma o publicitário Osvaldo Marchesi, de São Paulo. "Se não for chamado, tudo bem. Mas isso dá confiança." Marchesi superou seu medo fazendo um curso de expressão verbal. E se arrepende de não ter feito mais cedo. Para ele, quanto antes você perder o medo de falar em público melhor você se coloca e não perde oportunidades.

Antecipar-se aos problemas parece paranoia  Pode até ser, mas além de ajudar você a dominar o assunto, diminui o medo do inesperado. E se mesmo com todas essas precauções você tiver um momento de embaraço, não se desespere. Avalie a situação. Veja se é possível confessar que você não sabe o que responder (em algumas reuniões essa pode não ser uma boa saída) ou então use outros artifícios. Devolva a pergunta para a platéia - alguém pode saber a resposta. Ou então dê referências sobre o assunto, mesmo que você não saiba a resposta exata.

Conhecer o público é mais do que saber idade, sexo e profissão. Numa reunião na empresa, por exemplo, tente descobrir se algum dos seus espectadores é contra o que você vai falar, se alguém pode se sentir prejudicado ou com o poder ameaçado. Como as outras pessoas tratam do tema? Todos esses dados mapeiam o terreno e vão eliminando possíveis fontes do seu estresse.

3) SEJA BREVE

"É muito difícil fazer um mau discurso de um discurso pequeno", diz Valenti em seu livro. Seja breve!  Quem nunca ouviu falar - mal - dos discursos intermináveis de Fidel Castro? Normalmente, quem ouve Fidel não tem muita alternativa. Esse, provavelmente, não será o caso da sua platéia. Portanto, não canse o seu público. Ele vai ficar inquieto, vai começar a conversar, a levantar, e você vai ficar inseguro. O ex-presidente americano Lyndon Johnson costumava recomendar: "Saiam sempre no auge da festa". Com isso ele queria dizer que, onde quer que esteja, você deve parar de falar quando seus ouvintes esperam e desejam que você continue. A duração também deve variar dependendo do horário e local da apresentação. Se for depois de um almoço ou de um jantar, seja econômico.

O mesmo vale para os casos em que você seja um entre vários oradores. Se você estiver falando para pessoas que se reuniram só para ouvi-lo, pode se estender um pouco mais. Há ainda mais um motivo para que você não faça apresentações intermináveis: ninguém vai guardar tudo o que você disser. 

4) APRENDA A SE RELACIONAR COM O PÚBLICO

O receio de não conseguir cativar o público é comum. Em primeiro lugar, tire da cabeça a ideia de que o público está lá para criticar você. Pode parecer absurdo, mas muita gente sente isso e acaba ficando na defensiva. Ele está ali porque quer, ou porque precisa ouvir você. "A platéia torce pelo seu sucesso", diz o doutor Orman. "Lembre-se de que as pessoas também morrem de medo de falar em público, assim como você. E admiram a sua coragem. O julgamento dos espectadores é menos rigoroso do que o seu." Quase todos os executivos e professores de oratória dão uma sugestão: olhe para o público.

Escolha algumas pessoas e foque nelas. Não fique com o olhar perdido. "É absolutamente essencial que você veja a audiência. Mesmo quando tiver de baixar os olhos para apanhar uma ou outra palavra, suspenda o contato com a audiência por apenas alguns instantes", afirma Valenti. Tente criar uma certa intimidade. "Cada pessoa tem que sentir que você está falando só para ela", afirma Flávio Ferrari, diretor executivo da divisão do Ibope que cuida de mídia. Fazer apresentações é rotina na vida de Ferrari. E para superar seu medo, ele resolveu dar aulas numa faculdade. "O contato continuado com o mesmo público foi um ótimo laboratório", diz ele. Fazer referências a algo que possa conectá-lo com seu público é uma das dicas de Lilyan Wilder. Lilyan, autora do livro 7 Steps to Fearless Speaking (algo como "7 Passos para Falar sem Medo"), já atendeu clientes famosos como a apresentadora de televisão americana Oprah Winfrey e o ex-presidente americano George Bush. Ela acredita que muito do que fazemos nas conversas cara a cara pode ser usado, com alguns ajustes, em apresentações para públicos maiores.

O consultor Pedro Mandelli, por exemplo, costuma circular na platéia antes de começar sua apresentação. Além de criar uma certa proximidade, isso pode até ser útil para a sua apresentação. Você pode descobrir algum especialista no assunto sobre o qual vai falar. Ele pode ser seu cúmplice se você não souber responder uma pergunta mais complicada. Outra questão estratégica é adequar a linguagem ao seu público. Numa reunião com seus superiores, você deve ter um certo tipo de preocupação. Se a apresentação for para leigos que vão ouvir o assunto pela primeira vez, o tratamento deve ser completamente diferente. A profundidade do tema e até a escolha adequada dos termos ajudam a criar essa intimidade. Nem sempre falar para um grande público é pior do que para poucas pessoas. Quando você fala para pouca gente, as reações são mais visíveis. Da mesma forma, fazer uma apresentação para o público interno da empresa nem sempre é mais fácil. Pode - e deve - haver mais cobrança. Em todos os casos, a simplicidade é outro ponto que pode contar a seu favor. "Quanto mais simples você for, mais fácil atingir o coração das pessoas", diz Bueno, da Amil.

Relaxe também com relação ao comportamento de quem está ouvindo você. A preocupação de controlar as reações do público só atrapalha. O fato de alguém estar bocejando pode significar apenas que ele (ou ela) passou a noite tentando fazer o filho dormir. Alguém que levanta pode ter uma emergência para resolver. Não fique escravizado pelo comportamento da platéia. Apenas leia os seus sinais para monitorar a sua exposição, para saber, por exemplo, quando fazer uma pergunta ou quando abrir espaço para um debate. "Acompanhe o ritmo do público, veja quando se aprofundar mais, analise que tipo de pergunta estão lhe fazendo", afirma o consultor Ivo Godoy, da AT Kearney. "Use esses indícios em seu favor."

Como consultor, Godoy fala em público quase diariamente. E acredita que o segredo para ser bem-sucedido é se preocupar com a apresentação antes, durante e depois. "Você tem que fazer a lição de casa", diz ele. E se o público for hostil? Segundo Pedro Henrique Gomes, diretor da Dale Carnegie Training, empresa de treinamento para executivos, a melhor forma de lidar com isso é amortecer as perguntas agressivas. Continue sendo simpático mesmo que a pergunta seja para atacar você. Não responda em cima da pergunta, agradeça, respire, ganhe alguns segundos. "Mesmo que a platéia esteja do seu lado, se você responder de forma agressiva, é possível que ela se volte contra você."

5) SEJA VOCÊ MESMO

"A melhor forma de ser bem-sucedido é não se considerar um mestre em oratória", diz o médico Orman. "Não tente ser nada além de você mesmo." Crie o seu estilo. Não faça piadas se você não é naturalmente engraçado. Uma das piores sensações do mundo é o silêncio pairando no ar depois de fazer uma gracinha. Não ande pelo palco, ou onde quer que você esteja, se isso não for confortável para você. "As pessoas se comparam a imagens ideais. Quando vêem que não vão chegar aos seus pés, ficam inseguras", diz a psicóloga Ana Fraiman, de São Paulo. Você até pode - e deve - incorporar ao seu estilo aquilo que mais lhe agrada em oradores que você vê como modelos. Desde que você não desrespeite o seu jeito de ser.

Há alguns outros pontos importantes para você conquistar a sua audiência. Sorrir é um deles. "O sorriso abre um campo magnético positivo e as pessoas, sem perceber, caem dentro do seu campo de atração", diz o professor Melantonio. Ser humilde e não ficar excessivamente preocupado com o que os outros estão pensando de você também pode garantir uma certa tranqüilidade. "Não se leve tão a sério. Se você cometer um erro, não será o fim do mundo", diz o analista Colella. Segundo Polito, há ainda um outro problema: as pessoas acham que falam pior do que realmente falam. Explorar seus pontos fortes é uma das melhores estratégias para se tornar um bom orador. Foi isso que fez o ex-presidente americano John F. Kennedy um dos mestres da retórica de todos os tempos. Kennedy tinha muito bom humor. Só não sabia como usá-lo em seus discursos. Valenti conta em seu livro que na primeira vez que ouviu Kennedy falar, em 1956, não pôde acreditar. Ele estava totalmente concentrado no texto, usava uma pronúncia estranha, a cabeça ficava inclinada e ele ficava mergulhado nas páginas do discurso.

O centro das atenções era o topo de sua cabeça, pois essa era a parte que os ouvintes mais podiam ver. Ele não foi muito melhor no seu discurso de posse no Senado. Sua apresentação parecia uma palestra sobre economia da Harvard Business School. Ele ignorou a retórica e a eloquência. Não se deu ao trabalho de contar alguma história, piada ou mesmo ilustrar a fala com alguma referência de interesse humano. Mas Kennedy resolveu que precisava melhorar. Decidiu polir suas habilidades naturais. Rapidamente percebeu que, quando tudo mais fracassa, o bom humor bem preparado cobre faltas e dilui a hostilidade da platéia. Kennedy usou essa tática na sua campanha à presidência. No discurso de posse, seu rosto, erguido para o público, estava animado e cheio de ardor. Sua voz era excitação pura. Além de presidente, tornara-se um grande orador.

6) TREINE, TREINE E TREINE

Mesmo que você siga tudo o que foi escrito até agora, é só a prática que vai lhe dar mais segurança. Não há nada melhor a ser feito. "O mais eficaz antídoto para o medo do palco e outras calamidades que atingem o ato de discursar é uma preparação total, escravizadora e monacal", diz Valenti. "A qualidade do seu discurso será proporcional à quantidade de tempo que você gastou se preparando." Um dos pré-requisitos de qualquer boa apresentação é falar como se fala. Converse com a sua platéia. "Quem tenta falar como escreve perde a naturalidade", diz Polito. "Procure ser quem você é no dia-a-dia."

Decorar o texto é uma boa solução? Há controvérsias. Alguns especialistas no assunto dizem que sim; outros, que não. O estadista inglês Winston Churchill, um dos maiores oradores da História, não tinha o costume de decorar. Ele sempre escrevia o que queria dizer, depois transformava o texto escrito em observações que rabiscava de próprio punho ou datilografava após dar o acabamento que o deixava satisfeito.

Esse era o método invariável de preparação de Churchill, quer para um discurso a ser pronunciado na Câmara dos Comuns ou para uma reunião política. Não importava o lugar ou a ocasião, ele não tinha o menor pudor de mostrar que tinha anotações em suas mãos, independentemente do tipo de público. Em uma das melhores passagens de seu livro, Valenti descreve as lições que Churchill deu ao ex-presidente americano Dwight Eisenhower. "Jamais confie em sua memória", disse ele. Segundo Churchill, as pessoas percebem se você está repetindo exatamente um texto decorado. Churchill aconselhou também que Eisenhower continuasse a usar óculos. "Óculos grandes e redondos que você possa tirar e sacudir no rosto da platéia. E se tiver anotações, não tente escondê-las. Sacuda-as também na cara deles", dizia ele. Concentre um pouco mais a sua atenção no começo da apresentação. É a fase de maior nervosismo e o momento fundamental para criar empatia com o público. "Nos primeiros 60 segundos, o público analisa seu jeito, seu sorriso, sua voz", diz Wilma. "Esse primeiro contato é definitivo." Saiba muito bem como vai começar e respire fundo.

7) VÁ EM FRENTE, MESMO COM UM FRIOZINHO NA BARRIGA

A falta de experiência também gera insegurança. E a melhor forma de superá-la é enfrentar as situações que aparecerem. Quem costumava fazer perguntas na sala de aula e apresentar os trabalhos em grupo desde a época da escola provavelmente não fica tão intimidado na hora de se expor. Não recuse convites, não fuja de reuniões e nem tente adiar alguma apresentação. Seja persistente. "Vá aos poucos. Peça a palavra numa reunião, ofereça-se para ler um texto quando sentir que tem espaço", diz Gomes, da Dale Carnegie. Há quem vá além. "Para superar o medo, você tem que criar o compromisso e cumprir", diz Mandelli. Há ainda mais um motivo para você encarar as dificuldades de frente. "Quando você manda alguém no seu lugar, a pessoa melhora cada vez mais e você não", diz Bueno, da Amil.

Quem vai somar pontos no quesito empregabilidade? Mesmo com todo o treino do mundo, é bom ter em mente que mãos suando e um pouco de ansiedade são comuns - e praticamente inevitáveis - nos minutos que antecedem uma apresentação. Esses "sintomas" acompanham os executivos mais experientes, os oradores mais hábeis e até atores de muito sucesso. É preciso aprender a conviver com isso. "Não se assuste com o medo porque isso só ajuda a alimentar mais nervosismo", afirma Polito. "O importante não é eliminá-lo, e sim não deixar que ele atrapalhe.

LAURA SOMOGGI -editora da revista VOCÊ s/a (Parte da matéria publicada na  VOCÊ s/a. )
DAS MATHEUS - Pastor há 20 anos, escritor, consultor de empresas e juIz de paz. Atualmente, realiza um trabalho missionário com projetos evangelísticos através de cruzadas, escola de líderes e ação social.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013





PECHA KUCHA - RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA ( Por Paula Nader*)




Outro dia fui convidada a realizar uma apresentação ao time de recursos humanos do banco sobre o tema cliente. Até aí, tudo bem. A novidade é que eu deveria fazê-la utilizando um método chamado Pecha Kucha.

Apelei para São Google e descobri que o tal método havia sido criado por dois arquitetos japoneses que, cansados das intermináveis, confusas e chatíssimas apresentações tradicionais, propuseram-se a falar de todo e qualquer assunto em 20 slides. Nem mais, nem menos.

Porém não é só isso: os 20 slides devem ser exibidos em 20 segundos cada. Nem mais, nem menos.

A primeira vantagem do Pecha Kucha é que qualquer exposição dura exatos seis minutos e 40 segundos, o que permite aos organizadores montar uma agenda que abrigue mais speakers do que o normal e, portanto, que mais temas sejam cobertos, ou que mais perspectivas sobre um mesmo tema sejam mostradas.

Para o apresentador, alguns desafios se impõem. Primeiro, ter uma história central com começo, meio e fim muito bem definidos. Depois, pensar em 20 ideias que, encadeadas, nos ajudem a contar essa história de forma compreensível.

Isso feito, vamos montar os slides! Constata-se na prática o que já estamos cansados de saber: uma imagem fala mais que mil palavras.

Assim, você se vê entrando no incrível mundo do Creative Commons (e nos cafundós dos seus arquivos pessoais e dos arquivos dos amigos que pensam mais ou menos como você) buscando fotos, ilustrações, gráficos e pequenas frases que melhor traduzam o ponto que você quer fazer em cada um dos 20 slides.

Algumas horas depois, os quadros estão prontos e você, morto de cansado, descobre que a transição entre slides será automática e que você terá de treinar, treinar e treinar para garantir que a história que você inventou saia naturalmente, e que sua fala acompanhe o fluxo dos slides. Seu corpo, sua cabeça e seu coração devem estar sintonizados na mesma frequência.

É aí que aparece a segunda vantagem do  Pecha Kucha: as chances de fazer uma intervenção relevante aumentam bastante porque o método exige que você se prepare muito bem para a apresentação, chegando a um nível de presença e concentração que só agregam clareza e precisão às suas ideias. Nada de raciocínios circulares, inconclusivos, confusos. Nada de falar ligado no automático.

Porém a vantagem mais importante é a terceira: se você seguir o processo direitinho, se surpreenderá com uma audiência atenta, entretida e animada por ter acesso a conteúdos interessantes apresentados de forma dinâmica e, literalmente, bem pensada. Uma audiência que reconhece que você se preparou para estar lá e retribui com foco total em você e na sua história. Sem bocejos. Sem cochiladas. Sem chamadas telefônicas, whatsapps ou escapadas na web, porque, afinal, essas coisas podem esperar seis minutos e 40 segundos.

Alguns podem estar pensando que é impossível abordar uma ideia com profundidade seguindo esse caminho. Mas, se você consegue fazer maravilhas em um filme de 30 segundos, imagine o que pode fazer com 400!

A verdade é que o tal Pecha Kucha foi uma das melhores surpresas que eu tive ultimamente. Mais do que isso, a experiência transformou definitivamente a minha forma de desenvolver as apresentações que faço todos os dias.

Por que você não tenta? Mais respeito às suas ideias. Mais respeito ao tempo que o outro te dedica. Eu achei sensacional.

 20/07/2013.
(*) PAULA NADER é diretora de marca e marketing do Santander. Este artigo está publicado na edição 1567 do Meio & Mensagem, de 08 de julho, nas versões impressa e para tablets, exclusivamente para assinantes.



ASSISTAM O VÍDEO, ABAIXO:








quinta-feira, 12 de setembro de 2013

MODELO DE APRESENTAÇÃO 10-20-30



Conheça o Modelo de Apresentação do Guy Kawasaki




Há certas pessoas no mundo que possuem uma visão diferenciada das demais que a cercam, podendo ver bem mais além e com isso tendo privilégios perante os outros. Pessoas como estas normalmente costumam ascender em suas vidas, tendo um sucesso profissional reconhecido em todo o mundo como referência para várias atividades que sejam a sua especialização. Um exemplo de pessoas como estas é o Guy Kawasaki.
Kawasaki, um dos caras mais importantes do Vale do Silício, conselheiro de uma das maiores empresas de tecnologia do mundo, a Apple Inc., é como um guru da tecnologia e do marketing. Seus livros são amplamente vendidos e seu blog muito visitado. Ele sabe muito destas áreas e as pessoas reconhecem isso, criando uma relação interdependente entre os dois.
Uma das inovações do trabalho de Guy Kawasaki foi dentro do campo das apresentações dos novos produtos de uma empresa, por exemplo, fazendo com que todo o show seja impecável e tenha um impacto bem maior naquelas pessoas que estão presenciando o evento. Ele desenvolveu várias técnicas que são muito aplicadas por outras pessoas que querem ter o mesmo êxito, construindo um sucesso de marketing para ter, em seguida, um sucesso de vendas. Para ajudar essas pessoas, resolvemos trazer para cá o famoso modelo de apresentação do Guy Kawasaki, onde você poderá entender e aplicar da melhor forma possível às apresentações da sua empresa.


JÁ OUVIU FALAR NO MODELO 10/20/30?

Quem é que gosta de apresentações longas, com slides infindáveis, com textos enormes, mal organizados e que confundem mais do que elucidam? É, ninguém! Muito menos o palestrante Guy Kawasaki. Pensando numa forma de fazer suas apresentações de uma maneira mais efetiva, ele surgiu com o conceito do 10/20/30, que virou um clássico extremamente difundido e usado por inúmeros  palestrantes. O conceito consiste numa apresentação que contenha 10 slides, com 20 minutos de duração e com a fonte do texto no tamanho 30.
Vamos explicar melhor essas 3 características. Bem, Guy acredita que ninguém, ou pelo menos a maioria, não consegue absorver mais do que 10 assuntos numa apresentação, então, 10 é o limite máximo para isso. Os 20 minutos servem para impedir que a apresentação seja algo incrivelmente chato e aparentemente infinito, uma vez que 20 minutos é o suficiente para uma palestra objetiva, clara e sucinta. A terceira regra, a da fonte 30, vem em razão da necessidade do conteúdo estar conciso e objetivo, dividido por tópicos visíveis aos espectadores, e impedindo o palestrante de ler o que está escrito no slide, o que é algo lamentável e vergonhoso, já que praticamente não haverá espaço para texto.
Os 10 slides devem estar divididos em:
·         Problema
·         Solução do problema
·         Metodologia da solução
·         Tecnologia
·         Marketing e vendas
·         Concorrentes
·         Equipe interna
·         Projeções
·         Status e cronograma
·         Resumo final

Como pode ser visto, os assuntos necessários são divididos em tópicos sucintos e objetivos, sem enrolação, porque não há nenhuma necessidade enrolar em um assunto como estes se você souber do que deve ser falado. Uma dica importante que serve para adornar a apresentação é contar uma história que mostre um lado mais humano do negócio proposto, de como você teve a ideia, o que o motivou, tais tipos de coisas. Outra excelente dica é dar ênfase no call to action. O apresentador deve ter ânimo suficiente para fazer uma ótima apresentação e contagiar os que assistiram, fazendo-os embarcar na sua ideia e adquirindo o seu produto.

Dê humanidade ao seu discurso, fale com emoção, atenue os pontos chave. Para isso você deverá entender o que estiver falando.
Sobre o autor

GUILHERME JUNQUIERA -Empresário, Administrador de Empresas, Pós-graduado em Marketing e Gestão da Inovação pela UFMS, foi trainee da AMBEV e Gerente da Incubadora Tecnológica de Campo Grande. Fundador e Presidente da Associação StartupMS, Diretor Regional da Associação Brasileira de Startups e Conselheiro da Anjos do Brasil MS. Atua em programas de denvolvimento e capacitação de empresas em inovação e tecnologia. Professor e Consultor nas áreas de empreendedorismo, inovação, marketing digital e desenvolvimento de modelos de negócio (BMG Canvas, Lean Startup e Validation Board).


III BIMESTRE: DEZ ERROS QUE UM PALESTRANTE/ORADOR DEVE EVITAR


Ler as anotações em papeis: Um dos mais comuns, quem não domina o assunto precisa sempre ler anotações. Essa é a maior prova que você não sabe muito, sobre o que está falando.



Evitar contato visual: Esse é importante, para que as pessoas na audiência sintam que você está falando diretamente para eles. Tente não olhar para cima ou para o chão, isso pode passar a impressão que você não está se sentindo bem, está envergonhado, está inseguro ou é um “esnobe”.

Não se vestir de maneira adequada: Antes de fazer qualquer tipo de palestra ou apresentação, analise o assunto e o público. Repare que as pessoas que falam sobre economia, dinheiro e negócios estão sempre de terno e gravata. Já as pessoas que falam sobre Cinema ou artes podem se vestir de maneira mais descontraída. Estude a sua audiência!


Deixar transparecer tiques ou trejeitos com as mãos: Quer que as pessoas saibam que você está nervoso? É só gesticular sem parar com as mãos, colocar e tirar as mãos dos bolsos para que todos saibam que você está nervoso. Tente maneirar no movimento das mãos, uma boa técnica é segurar alguma coisa que ajude na apresentação, com uma caneta laser ou um controle remoto.


Não revisar e ensaiar antes a apresentação: Se tivéssemos que eleger ao menos um dos erros, esse seria o escolhido. Quem ensaia a apresentação, antes de ministrar a mesma, tem a chance de corrigir todos os erros e até mesmo planejar melhor o tempo da apresentação.


Ficar estático: Cuidado com os excessos de movimento, mas cuidado para não virar uma estátua! Os movimentos que o nosso corpo faz ao conversar são naturais, por isso você deve tomar cuidado também para não acabar ficando bitolado em ficar estático. Caminhe pelo palco, gesticule e saia do púlpito para se integrar com a audiência.



Ler os tópicos dos slides: Apesar de ser parecido com o primeiro erro, aqui temos o erro clássico de ler, integralmente, os tópicos dos slides. Nunca, mas nunca faça isso!



Não fale demais, apenas o necessário: O tempo das apresentações é algo que deve ser levado extremamente a sério, principalmente em ambientes corporativos. Planeje bem e seja objetivo. Algumas empresas para evitar apresentações intermináveis começam a adotar as regras do 10-20-30 (10 slides, 20 minutos, fonte 30) ou Pecha Kucha (20X20 – Vinte slides (20 segundos cada – total de 6 minutos e 40 segundos).


Não estimular a audiência: Se você não acredita que o assunto apresentado é interessante, pode ter certeza que a sua audiência não vai achar. Assim como um professor que dá aula sobre algum assunto que não gosta, um palestrante que não consegue contagiar e estimular a audiência deve repensar os seus conceitos e a dinâmica da apresentação.

Não terminar a apresentação com uma mensagem ou fato inspirador: Por último, temos um erro muito interessante e que eu mesmo cometo às vezes. Muitas pessoas pensam que a parte mais importante da apresentação é o meio, com o conteúdo principal. Mas, a parte final da apresentação deve ser sempre encerrada com uma mensagem para reflexão, mensagem, imagem ou algo que inspire a audiência.