Este espaço sob a orientação e supervisão da profª Patrícia Bilotti tem por objetivo oportunizar aos acadêmicos do 1º ano de Administração da UEG-Goianésia e visitantes conhecimento/informações acerca de temáticas pertinentes à disciplina de "Comunicação e Semiótica". Sua participação aqui, será sempre muito importante. Seja bem-vindo!
quinta-feira, 19 de setembro de 2013
ARTIGO: VOCÊ TEM HORROR DE FALAR EM PÚBLICO?
VOCÊ TEM HORROR DE FALAR EM
PÚBLICO?
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Se a resposta é sim, fique calmo. Você está na companhia de
quase toda a humanidade.
Falar em público é uma das
atribuições mais importantes de todo profissional. Calma. Não estamos
colocando você com um microfone diante de 100.000 pessoas no Morumbi ou no
Maracanã. Estamos falando de coisas menos espetaculares, como, por exemplo,
falar para meia dúzia de pessoas numa reunião e ali, diante dessa pequena
platéia, apresentar um projeto, vender uma ideia ou se colocar numa
discussão. Falar em público, para um profissional, é quase sempre isso.
Simples assim - e complicado assim. Parece banal, mas só parece. Falar em
público, ainda que para audiências "nanicas", inspira medo, às
vezes, terror até. Esse medo é um dos males mais comuns no mundo do trabalho.
Carreiras podem ir ao chão como
folhas se a dificuldade de falar em público não for contornada. Atenção:
ninguém está dizendo que você tem que adquirir o desembaraço, e mesmo a
cara-de-pau, de um velho senador da República. Trata-se, basicamente, de ser
capaz de expor com clareza as idéias numa sala de reuniões. Veja o resultado
de uma pesquisa feita pelo jornal inglês Sunday Times com 3.000 americanos. A
pergunta era: qual o seu pior medo? As respostas:
41% disseram que era falar em
público
32% têm mais medo de altura
22% de insetos
22% de ter problemas financeiros
19% de doença
19% da morte
Uma outra pesquisa realizada com
10 000 australianos mostra que um terço dos entrevistados diz preferir a
morte a falar em público. Você pode não ter chegado a esse ponto, o que é bem
razoável, mas tente se lembrar de quantas vezes você quis sumir quando soube
que teria que fazer uma apresentação. Ou ficou quieto numa reunião com medo
de dar a sua opinião. Ou, ainda, recusou convites que seriam importantes para
a sua carreira. Identificar o medo e enfrentá-lo são as melhores formas de
impedir que ele atrapalhe o seu desenvolvimento profissional. Como é que um
projeto pode ser aprovado se você estiver tremendo nas bases na hora de
apresentá-lo? Será que algum cliente deixou de comprar porque você não estava
confiante ao expor seu produto?
Saber comunicar-se é essencial
para quem quer ir para a frente na profissão. De que adianta ser o melhor em
algo se ninguém souber disso? Faz parte do seu marketing pessoal. Pode estar
certo de que, cada vez que você evitar aparecer, alguém estará fazendo o
movimento contrário. As chances de seu concorrente conquistar mais espaço são
inquestionáveis. E você vai ver o seu lugar diminuir e diminuir. É duro. Mas
é assim. Quem vai saber quem é você ou o que você pensa? "Saber falar em
público é pré-requisito para quem pretende ser um líder", diz Edson
Bueno, presidente do grupo Amil. Bueno passou muitos anos fugindo de
apresentações e conseguiu vencer o seu medo.
Uma enquete realizada por VOCÊ
s.a. na Internet no final de abril mostra o quanto esse temor atinge os
executivos brasileiros. Os números: 64% de 481 leitores que responderam à
pesquisa dizem ter medo de falar em público e 66% de 261 assumem que esse é um
de seus maiores medos. "Cerca de 90% das pessoas que procuram meu curso
têm medo de falar em público", diz Reinaldo Polito, professor de
expressão verbal há mais de 20 anos e autor de nove livros sobre o assunto.
"Muita gente não reconhece esse medo e tenta se justificar com outras
desculpas", diz o analista junguiano Luciano Colella, de São Paulo.
"É bom começar a prestar atenção nisso."
Duas notícias para você. A má:
vencer esse medo é fundamental para você ter chance de sucesso. A boa: é
possível dominar esse medo e até fazê-lo trabalhar em seu favor. "Não
existe nada realmente especial em falar em público. Não é um dom genético
herdado nem está sujeito à inspiração divina", afirma o americano Jack
Valenti em seu livro A Fácil Arte de Falar em Público. "É um ofício que
se aprende, exatamente como se aprende o ofício de marceneiro, de esquiador,
de saxofonista." Valenti é um conferencista muito requisitado. Ele foi
redator dos discursos do presidente americano Lyndon Johnson e desde 1966 é
porta-voz da indústria de distribuição e produção de filmes nos Estados
Unidos. Seu livro foi editado pela última vez no Brasil em 1983, pela Editora
Record, e já está fora de catálogo.
A seguir, uma reunião em sete passos, do que a Você s/a, livros, professores de expressão verbal, psicólogos e profissionais bem-sucedidos julgam que você precisa saber para que essa dificuldade não atrapalhe o seu sucesso.
1) SAIBA O QUE VOCÊ VAI FALAR
A primeira coisa que você deve
ter em mente quando for falar em público é: saiba o que vai dizer. Leia,
pesquise, se interesse, domine o assunto. Isso vale para qualquer tipo de
apresentação. "Seja a apresentação de duas linhas de outro orador, um
brinde após um jantar, uma apresentação formal para uma grande convenção
(...) ou a proposta de um orçamento para um conselho de diretores", diz
Valenti. Como membro da Academia de Hollywood, Valenti já esteve em várias
cerimônias de entrega do Oscar e diz que ficou assombrado ao ver
profissionais do cinema gaguejarem, mesmo com cartões de deixas, e às vezes
divagarem com improvisações, fazendo gelar o sangue do diretor. A explicação
que ele dá para isso? "Falta de preparação, certa negligência quanto aos
pontos básicos, falta de familiaridade total com o que deverá dizer",
afirma Valenti. É preciso ter intimidade com o assunto. Se o tema é, por
exemplo, transporte de cargas, mais do que decorar quantos caminhões são
utilizados pela empresa ou outros números, vá até o local onde o processo
começa, converse com as pessoas que trabalham com isso, etc. Assim, mesmo que
você esqueça um detalhe técnico na hora da apresentação, poderá relatar algum
fato interessante. Uma boa história pode ser mais eficiente para passar o que
você precisa.
"Ter experiência no
assunto, ter casos para contar é um diferencial", diz o consultor Pedro
Mandelli, que tinha pavor de falar em público e hoje arranca aplausos
entusiasmados no final de suas apresentações. Conheça o máximo que você
puder. Nunca ache que você sabe o bastante e não precisa aprender mais. É
importante sobrar informação. Tenha em mente um bom roteiro do que quer
falar, das principais idéias. "Muitos estudos mostram que as pessoas se
lembram de poucos fatos ou informações que os palestrantes passam", diz
o médico americano Morton C. Orman, num texto publicado na Internet sobre
como superar o medo de falar em público. Orman é um dos fundadores da
Sociedade para o Bem-Estar Profissional (Society for the Professional
Well-Being), uma associação americana de prevenção do estresse. "O
público quer apenas as idéias que fazem diferença. Com isso em mente, você
terá melhores resultados e ficará menos ansioso", diz ele.
Um estudo realizado pela
Universidade da Califórnia, a UCLA, em Los Angeles, mostra que apenas 7% do
impacto provocado no público vêm da parte verbal da apresentação. Os maiores
impactos vêm da voz (38%) e da linguagem corporal (55%). O que não quer dizer
que você não deve dar máxima atenção ao conteúdo, que é a razão de ser de qualquer
apresentação. Só não faça dele uma fonte inesgotável de ansiedade.
Concentre-se naquilo que você quer que fique na cabeça das pessoas. Outro
dado para ajudar a diminuir o seu medo: "Quando esquecemos uma palavra,
o branco que parece durar uma eternidade demora apenas alguns segundos para
quem nos assiste", afirma Polito. "Para os outros, pode parecer
apenas uma pausa natural."
Lembre também que dificilmente
você será requisitado para falar de algo que não entenda. "Toda vez que
eu estou na frente do público, penso que sou a melhor pessoa do mundo para
falar daquele assunto", afirma a empresária Wilma Bolsoni, de São Paulo.
Esse é um dos recursos que ela utiliza depois que falhou numa apresentação
importante. "Senão, eu não teria por que estar ali." Mas não seja
arrogante e nem subestime a inteligência de quem está ouvindo você. Seria um
grande erro. É preciso ter uma atitude equilibrada. Nem arrogância, nem
submissão. "É impossível seduzir o público se você parece pedir
desculpas por existir", diz o professor Oswaldo Melantonio, um dos
precursores dos cursos de oratória no Brasil, que deu aula por 50 anos. Além
de dominar o assunto (o que é essencial para se sentir seguro), você deve
acreditar nas idéias que pretende passar. Se não estiver convencido,
dificilmente vai conseguir convencer os outros. Outra dica: "Você só
consegue persuadir seu público se o seu discurso tiver emoção, se você der a
entonação correta", diz Maria Alice Leonardi, professora de oratória há
dez anos em São Paulo, e que dá aulas para diversos advogados da OAB, Ordem
dos Advogados do Brasil.
2) CONHEÇA O TERRENO EM QUE VAI
PISAR
Nunca faça uma apresentação sem
conhecer algumas informações básicas: para quem você vai falar, o que esse
público quer ouvir, quanto tempo você terá, se você será o único orador, qual
a ordem das apresentações, se haverá um período para perguntas e respostas,
se você vai falar durante uma refeição, o local da apresentação, que
instrumentos estarão à sua disposição (retroprojetor, computador com programa
para fazer apresentações, televisão, vídeo, lousa, etc). "Com isso em
mente você evita cair em armadilhas e sente mais segurança", afirma
Paulo Flores, consultor de relações públicas do Banco Central e especialista
em comunicação. Prepare-se para todo tipo de pergunta. É inevitável que o
público levante questões menos exploradas na sua apresentação.
Se você realmente dominar o
assunto, tem como prever muitas dúvidas e possíveis objeções. "Seja seu
próprio advogado do diabo", diz Wilma. "Assim, é possível mapear
uns 90% das perguntas que podem aparecer." Você pode ser ainda mais
precavido - o que só vai lhe dar mais segurança. "Sempre me preparo se
vou a um lugar em que posso ser chamado para dar a minha opinião",
afirma o publicitário Osvaldo Marchesi, de São Paulo. "Se não for
chamado, tudo bem. Mas isso dá confiança." Marchesi superou seu medo
fazendo um curso de expressão verbal. E se arrepende de não ter feito mais
cedo. Para ele, quanto antes você perder o medo de falar em público melhor
você se coloca e não perde oportunidades.
Antecipar-se aos problemas
parece paranoia Pode até ser, mas além de ajudar você a dominar o assunto,
diminui o medo do inesperado. E se mesmo com todas essas precauções você
tiver um momento de embaraço, não se desespere. Avalie a situação. Veja se é
possível confessar que você não sabe o que responder (em algumas reuniões
essa pode não ser uma boa saída) ou então use outros artifícios. Devolva a
pergunta para a platéia - alguém pode saber a resposta. Ou então dê
referências sobre o assunto, mesmo que você não saiba a resposta exata.
Conhecer o público é mais do que
saber idade, sexo e profissão. Numa reunião na empresa, por exemplo, tente
descobrir se algum dos seus espectadores é contra o que você vai falar, se
alguém pode se sentir prejudicado ou com o poder ameaçado. Como as outras
pessoas tratam do tema? Todos esses dados mapeiam o terreno e vão eliminando
possíveis fontes do seu estresse.
3) SEJA BREVE
"É muito difícil fazer um
mau discurso de um discurso pequeno", diz Valenti em seu livro. Seja
breve! Quem nunca ouviu falar - mal - dos discursos intermináveis de Fidel
Castro? Normalmente, quem ouve Fidel não tem muita alternativa. Esse,
provavelmente, não será o caso da sua platéia. Portanto, não canse o seu
público. Ele vai ficar inquieto, vai começar a conversar, a levantar, e você
vai ficar inseguro. O ex-presidente americano Lyndon Johnson costumava
recomendar: "Saiam sempre no auge da festa". Com isso ele queria
dizer que, onde quer que esteja, você deve parar de falar quando seus
ouvintes esperam e desejam que você continue. A duração também deve variar
dependendo do horário e local da apresentação. Se for depois de um almoço ou
de um jantar, seja econômico.
O mesmo vale para os casos em
que você seja um entre vários oradores. Se você estiver falando para pessoas
que se reuniram só para ouvi-lo, pode se estender um pouco mais. Há ainda
mais um motivo para que você não faça apresentações intermináveis: ninguém
vai guardar tudo o que você disser.
4) APRENDA A SE RELACIONAR COM O
PÚBLICO
O receio de não conseguir
cativar o público é comum. Em primeiro lugar, tire da cabeça a ideia de que o
público está lá para criticar você. Pode parecer absurdo, mas muita gente
sente isso e acaba ficando na defensiva. Ele está ali porque quer, ou porque
precisa ouvir você. "A platéia torce pelo seu sucesso", diz o
doutor Orman. "Lembre-se de que as pessoas também morrem de medo de
falar em público, assim como você. E admiram a sua coragem. O julgamento dos
espectadores é menos rigoroso do que o seu." Quase todos os executivos e
professores de oratória dão uma sugestão: olhe para o público.
Escolha algumas pessoas e foque
nelas. Não fique com o olhar perdido. "É absolutamente essencial que
você veja a audiência. Mesmo quando tiver de baixar os olhos para apanhar uma
ou outra palavra, suspenda o contato com a audiência por apenas alguns
instantes", afirma Valenti. Tente criar uma certa intimidade. "Cada
pessoa tem que sentir que você está falando só para ela", afirma Flávio
Ferrari, diretor executivo da divisão do Ibope que cuida de mídia. Fazer
apresentações é rotina na vida de Ferrari. E para superar seu medo, ele
resolveu dar aulas numa faculdade. "O contato continuado com o mesmo
público foi um ótimo laboratório", diz ele. Fazer referências a algo que
possa conectá-lo com seu público é uma das dicas de Lilyan Wilder. Lilyan,
autora do livro 7 Steps to Fearless Speaking (algo como "7 Passos para
Falar sem Medo"), já atendeu clientes famosos como a apresentadora de
televisão americana Oprah Winfrey e o ex-presidente americano George Bush.
Ela acredita que muito do que fazemos nas conversas cara a cara pode ser
usado, com alguns ajustes, em apresentações para públicos maiores.
O consultor Pedro Mandelli, por
exemplo, costuma circular na platéia antes de começar sua apresentação. Além
de criar uma certa proximidade, isso pode até ser útil para a sua
apresentação. Você pode descobrir algum especialista no assunto sobre o qual
vai falar. Ele pode ser seu cúmplice se você não souber responder uma
pergunta mais complicada. Outra questão estratégica é adequar a linguagem ao
seu público. Numa reunião com seus superiores, você deve ter um certo tipo de
preocupação. Se a apresentação for para leigos que vão ouvir o assunto pela
primeira vez, o tratamento deve ser completamente diferente. A profundidade
do tema e até a escolha adequada dos termos ajudam a criar essa intimidade.
Nem sempre falar para um grande público é pior do que para poucas pessoas.
Quando você fala para pouca gente, as reações são mais visíveis. Da mesma
forma, fazer uma apresentação para o público interno da empresa nem sempre é
mais fácil. Pode - e deve - haver mais cobrança. Em todos os casos, a
simplicidade é outro ponto que pode contar a seu favor. "Quanto mais
simples você for, mais fácil atingir o coração das pessoas", diz Bueno,
da Amil.
Relaxe também com relação ao
comportamento de quem está ouvindo você. A preocupação de controlar as
reações do público só atrapalha. O fato de alguém estar bocejando pode
significar apenas que ele (ou ela) passou a noite tentando fazer o filho
dormir. Alguém que levanta pode ter uma emergência para resolver. Não fique
escravizado pelo comportamento da platéia. Apenas leia os seus sinais para
monitorar a sua exposição, para saber, por exemplo, quando fazer uma pergunta
ou quando abrir espaço para um debate. "Acompanhe o ritmo do público,
veja quando se aprofundar mais, analise que tipo de pergunta estão lhe
fazendo", afirma o consultor Ivo Godoy, da AT Kearney. "Use esses
indícios em seu favor."
Como consultor, Godoy fala em
público quase diariamente. E acredita que o segredo para ser bem-sucedido é
se preocupar com a apresentação antes, durante e depois. "Você tem que
fazer a lição de casa", diz ele. E se o público for hostil? Segundo
Pedro Henrique Gomes, diretor da Dale Carnegie Training, empresa de treinamento
para executivos, a melhor forma de lidar com isso é amortecer as perguntas
agressivas. Continue sendo simpático mesmo que a pergunta seja para atacar
você. Não responda em cima da pergunta, agradeça, respire, ganhe alguns
segundos. "Mesmo que a platéia esteja do seu lado, se você responder de
forma agressiva, é possível que ela se volte contra você."
5) SEJA VOCÊ MESMO
"A melhor forma de ser
bem-sucedido é não se considerar um mestre em oratória", diz o médico
Orman. "Não tente ser nada além de você mesmo." Crie o seu estilo.
Não faça piadas se você não é naturalmente engraçado. Uma das piores
sensações do mundo é o silêncio pairando no ar depois de fazer uma gracinha.
Não ande pelo palco, ou onde quer que você esteja, se isso não for
confortável para você. "As pessoas se comparam a imagens ideais. Quando
vêem que não vão chegar aos seus pés, ficam inseguras", diz a psicóloga
Ana Fraiman, de São Paulo. Você até pode - e deve - incorporar ao seu estilo
aquilo que mais lhe agrada em oradores que você vê como modelos. Desde que
você não desrespeite o seu jeito de ser.
Há alguns outros pontos
importantes para você conquistar a sua audiência. Sorrir é um deles. "O
sorriso abre um campo magnético positivo e as pessoas, sem perceber, caem
dentro do seu campo de atração", diz o professor Melantonio. Ser humilde
e não ficar excessivamente preocupado com o que os outros estão pensando de
você também pode garantir uma certa tranqüilidade. "Não se leve tão a
sério. Se você cometer um erro, não será o fim do mundo", diz o analista
Colella. Segundo Polito, há ainda um outro problema: as pessoas acham que
falam pior do que realmente falam. Explorar seus pontos fortes é uma das
melhores estratégias para se tornar um bom orador. Foi isso que fez o
ex-presidente americano John F. Kennedy um dos mestres da retórica de todos
os tempos. Kennedy tinha muito bom humor. Só não sabia como usá-lo em seus
discursos. Valenti conta em seu livro que na primeira vez que ouviu Kennedy
falar, em 1956, não pôde acreditar. Ele estava totalmente concentrado no
texto, usava uma pronúncia estranha, a cabeça ficava inclinada e ele ficava
mergulhado nas páginas do discurso.
O centro das atenções era o topo
de sua cabeça, pois essa era a parte que os ouvintes mais podiam ver. Ele não
foi muito melhor no seu discurso de posse no Senado. Sua apresentação parecia
uma palestra sobre economia da Harvard Business School. Ele ignorou a
retórica e a eloquência. Não se deu ao trabalho de contar alguma história,
piada ou mesmo ilustrar a fala com alguma referência de interesse humano. Mas
Kennedy resolveu que precisava melhorar. Decidiu polir suas habilidades
naturais. Rapidamente percebeu que, quando tudo mais fracassa, o bom humor
bem preparado cobre faltas e dilui a hostilidade da platéia. Kennedy usou
essa tática na sua campanha à presidência. No discurso de posse, seu rosto,
erguido para o público, estava animado e cheio de ardor. Sua voz era
excitação pura. Além de presidente, tornara-se um grande orador.
6) TREINE, TREINE E TREINE
Mesmo que você siga tudo o que
foi escrito até agora, é só a prática que vai lhe dar mais segurança. Não há
nada melhor a ser feito. "O mais eficaz antídoto para o medo do palco e
outras calamidades que atingem o ato de discursar é uma preparação total,
escravizadora e monacal", diz Valenti. "A qualidade do seu discurso
será proporcional à quantidade de tempo que você gastou se preparando."
Um dos pré-requisitos de qualquer boa apresentação é falar como se fala.
Converse com a sua platéia. "Quem tenta falar como escreve perde a naturalidade",
diz Polito. "Procure ser quem você é no dia-a-dia."
Decorar o texto é uma boa
solução? Há controvérsias. Alguns especialistas no assunto dizem que sim;
outros, que não. O estadista inglês Winston Churchill, um dos maiores
oradores da História, não tinha o costume de decorar. Ele sempre escrevia o
que queria dizer, depois transformava o texto escrito em observações que
rabiscava de próprio punho ou datilografava após dar o acabamento que o
deixava satisfeito.
Esse era o método invariável de
preparação de Churchill, quer para um discurso a ser pronunciado na Câmara
dos Comuns ou para uma reunião política. Não importava o lugar ou a ocasião,
ele não tinha o menor pudor de mostrar que tinha anotações em suas mãos,
independentemente do tipo de público. Em uma das melhores passagens de seu
livro, Valenti descreve as lições que Churchill deu ao ex-presidente
americano Dwight Eisenhower. "Jamais confie em sua memória", disse
ele. Segundo Churchill, as pessoas percebem se você está repetindo exatamente
um texto decorado. Churchill aconselhou também que Eisenhower continuasse a
usar óculos. "Óculos grandes e redondos que você possa tirar e sacudir
no rosto da platéia. E se tiver anotações, não tente escondê-las. Sacuda-as
também na cara deles", dizia ele. Concentre um pouco mais a sua atenção
no começo da apresentação. É a fase de maior nervosismo e o momento
fundamental para criar empatia com o público. "Nos primeiros 60
segundos, o público analisa seu jeito, seu sorriso, sua voz", diz Wilma.
"Esse primeiro contato é definitivo." Saiba muito bem como vai
começar e respire fundo.
7) VÁ EM FRENTE, MESMO COM UM
FRIOZINHO NA BARRIGA
A falta de experiência também
gera insegurança. E a melhor forma de superá-la é enfrentar as situações que
aparecerem. Quem costumava fazer perguntas na sala de aula e apresentar os
trabalhos em grupo desde a época da escola provavelmente não fica tão
intimidado na hora de se expor. Não recuse convites, não fuja de reuniões e
nem tente adiar alguma apresentação. Seja persistente. "Vá aos poucos.
Peça a palavra numa reunião, ofereça-se para ler um texto quando sentir que
tem espaço", diz Gomes, da Dale Carnegie. Há quem vá além. "Para
superar o medo, você tem que criar o compromisso e cumprir", diz
Mandelli. Há ainda mais um motivo para você encarar as dificuldades de
frente. "Quando você manda alguém no seu lugar, a pessoa melhora cada
vez mais e você não", diz Bueno, da Amil.
Quem vai somar pontos no quesito
empregabilidade? Mesmo com todo o treino do mundo, é bom ter em mente que mãos
suando e um pouco de ansiedade são comuns - e praticamente inevitáveis - nos
minutos que antecedem uma apresentação. Esses "sintomas" acompanham
os executivos mais experientes, os oradores mais hábeis e até atores de muito
sucesso. É preciso aprender a conviver com isso. "Não se assuste com o
medo porque isso só ajuda a alimentar mais nervosismo", afirma Polito.
"O importante não é eliminá-lo, e sim não deixar que ele atrapalhe.
LAURA SOMOGGI -editora da revista VOCÊ s/a (Parte da matéria publicada na VOCÊ s/a. )
DAS MATHEUS - Pastor há 20 anos, escritor, consultor de empresas e juIz de paz. Atualmente, realiza um trabalho missionário com projetos evangelísticos através de cruzadas, escola de líderes e ação social. |
sexta-feira, 13 de setembro de 2013
PECHA KUCHA - RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA ( Por Paula Nader*)
Outro
dia fui convidada a realizar uma apresentação ao time de recursos humanos do
banco sobre o tema cliente. Até aí, tudo bem. A novidade é que eu deveria
fazê-la utilizando um método chamado Pecha Kucha.
Apelei
para São Google e descobri que o tal método havia sido criado por dois
arquitetos japoneses que, cansados das intermináveis, confusas e chatíssimas
apresentações tradicionais, propuseram-se a falar de todo e qualquer assunto em
20 slides. Nem mais, nem menos.
Porém
não é só isso: os 20 slides devem ser exibidos em 20 segundos cada. Nem mais,
nem menos.
A
primeira vantagem do Pecha Kucha é que qualquer exposição dura exatos seis
minutos e 40 segundos, o que permite aos organizadores montar uma agenda que
abrigue mais speakers do que o normal e, portanto, que mais temas sejam
cobertos, ou que mais perspectivas sobre um mesmo tema sejam mostradas.
Para
o apresentador, alguns desafios se impõem. Primeiro, ter uma história central
com começo, meio e fim muito bem definidos. Depois, pensar em 20 ideias que,
encadeadas, nos ajudem a contar essa história de forma compreensível.
Isso
feito, vamos montar os slides! Constata-se na prática o que já estamos cansados
de saber: uma imagem fala mais que mil palavras.
Assim,
você se vê entrando no incrível mundo do Creative Commons (e nos cafundós dos
seus arquivos pessoais e dos arquivos dos amigos que pensam mais ou menos como
você) buscando fotos, ilustrações, gráficos e pequenas frases que melhor
traduzam o ponto que você quer fazer em cada um dos 20 slides.
Algumas
horas depois, os quadros estão prontos e você, morto de cansado, descobre que a
transição entre slides será automática e que você terá de treinar, treinar e
treinar para garantir que a história que você inventou saia naturalmente, e que
sua fala acompanhe o fluxo dos slides. Seu corpo, sua cabeça e seu coração
devem estar sintonizados na mesma frequência.
É
aí que aparece a segunda vantagem do Pecha Kucha: as chances de fazer uma
intervenção relevante aumentam bastante porque o método exige que você se prepare
muito bem para a apresentação, chegando a um nível de presença e concentração
que só agregam clareza e precisão às suas ideias. Nada de raciocínios
circulares, inconclusivos, confusos. Nada de falar ligado no automático.
Porém
a vantagem mais importante é a terceira: se você seguir o processo direitinho,
se surpreenderá com uma audiência atenta, entretida e animada por ter acesso a
conteúdos interessantes apresentados de forma dinâmica e, literalmente, bem
pensada. Uma audiência que reconhece que você se preparou para estar lá e
retribui com foco total em você e na sua história. Sem bocejos. Sem cochiladas.
Sem chamadas telefônicas, whatsapps ou escapadas na web, porque, afinal, essas
coisas podem esperar seis minutos e 40 segundos.
Alguns
podem estar pensando que é impossível abordar uma ideia com profundidade
seguindo esse caminho. Mas, se você consegue fazer maravilhas em um filme de 30
segundos, imagine o que pode fazer com 400!
A
verdade é que o tal Pecha Kucha foi uma das melhores surpresas que eu tive
ultimamente. Mais do que isso, a experiência transformou definitivamente a
minha forma de desenvolver as apresentações que faço todos os dias.
Por
que você não tenta? Mais respeito às suas ideias. Mais respeito ao tempo que o
outro te dedica. Eu achei sensacional.
20/07/2013.
(*)
PAULA NADER é diretora de marca e marketing do Santander. Este artigo está
publicado na edição 1567 do Meio & Mensagem,
de 08 de julho, nas versões impressa e para tablets, exclusivamente para
assinantes.
ASSISTAM O VÍDEO, ABAIXO:
quinta-feira, 12 de setembro de 2013
MODELO DE APRESENTAÇÃO 10-20-30
Há certas pessoas no mundo que possuem uma visão diferenciada das demais
que a cercam, podendo ver bem mais além e com isso tendo privilégios perante os
outros. Pessoas como estas normalmente costumam ascender em suas vidas, tendo
um sucesso profissional reconhecido em todo o mundo como referência para várias
atividades que sejam a sua especialização. Um exemplo de pessoas como estas é o
Guy Kawasaki.
Kawasaki, um dos caras mais importantes do Vale do Silício, conselheiro
de uma das maiores empresas de tecnologia do mundo, a Apple Inc., é como um
guru da tecnologia e do marketing. Seus livros são amplamente vendidos e seu
blog muito visitado. Ele sabe muito destas áreas e as pessoas reconhecem isso,
criando uma relação interdependente entre os dois.
Uma das inovações do trabalho de Guy
Kawasaki foi dentro do campo das apresentações dos novos produtos de uma
empresa, por exemplo, fazendo com que todo o show seja
impecável e tenha um impacto bem maior naquelas pessoas que estão presenciando
o evento. Ele desenvolveu várias técnicas que são muito aplicadas por outras
pessoas que querem ter o mesmo êxito, construindo um sucesso de marketing para
ter, em seguida, um sucesso de vendas. Para ajudar essas pessoas, resolvemos
trazer para cá o famoso modelo de apresentação do Guy Kawasaki, onde você
poderá entender e aplicar da melhor forma possível às apresentações da sua
empresa.
JÁ OUVIU FALAR NO MODELO 10/20/30?
Quem é que gosta de apresentações longas, com slides infindáveis, com
textos enormes, mal organizados e que confundem mais do que elucidam? É,
ninguém! Muito menos o palestrante Guy Kawasaki. Pensando numa forma de fazer
suas apresentações de uma maneira mais efetiva, ele surgiu com o conceito do
10/20/30, que virou um clássico extremamente difundido e usado por inúmeros palestrantes. O conceito consiste numa apresentação que contenha 10 slides, com 20
minutos de duração e com a fonte do texto no tamanho 30.
Vamos explicar melhor essas 3 características. Bem, Guy acredita que
ninguém, ou pelo menos a maioria, não consegue absorver mais do que 10 assuntos
numa apresentação, então, 10 é o limite máximo para isso. Os 20 minutos servem
para impedir que a apresentação seja algo incrivelmente chato e aparentemente
infinito, uma vez que 20 minutos é o suficiente para uma palestra objetiva,
clara e sucinta. A terceira regra, a da fonte 30, vem em razão da necessidade
do conteúdo estar conciso e objetivo, dividido por tópicos visíveis aos
espectadores, e impedindo o palestrante de ler o que está escrito no slide, o
que é algo lamentável e vergonhoso, já que praticamente não haverá espaço para
texto.
Os 10 slides devem estar divididos em:
·
Problema
·
Solução do problema
·
Metodologia da solução
·
Tecnologia
·
Marketing e vendas
·
Concorrentes
·
Equipe interna
·
Projeções
·
Status e cronograma
·
Resumo final
Como pode ser visto, os assuntos necessários são divididos em tópicos
sucintos e objetivos, sem enrolação, porque não há nenhuma necessidade enrolar
em um assunto como estes se você souber do que deve ser falado. Uma dica
importante que serve para adornar a apresentação é contar uma história que
mostre um lado mais humano do negócio proposto, de como você teve a ideia, o
que o motivou, tais tipos de coisas. Outra excelente dica é dar ênfase no call to action. O apresentador deve ter ânimo
suficiente para fazer uma ótima apresentação e contagiar os que assistiram,
fazendo-os embarcar na sua ideia e adquirindo o seu produto.
Dê humanidade ao seu discurso, fale com emoção, atenue os pontos chave.
Para isso você deverá entender o que estiver falando.
GUILHERME JUNQUIERA -Empresário,
Administrador de Empresas, Pós-graduado em Marketing e Gestão da Inovação pela
UFMS, foi trainee da AMBEV e Gerente da Incubadora Tecnológica de Campo Grande.
Fundador e Presidente da Associação StartupMS, Diretor Regional da Associação Brasileira de
Startups e Conselheiro da Anjos do Brasil MS.
Atua em programas de denvolvimento e capacitação de empresas em inovação e
tecnologia. Professor e Consultor nas áreas de empreendedorismo, inovação,
marketing digital e desenvolvimento de modelos de negócio (BMG Canvas, Lean
Startup e Validation Board).
III BIMESTRE: DEZ ERROS QUE UM PALESTRANTE/ORADOR DEVE EVITAR
Ler
as anotações em papeis: Um dos mais
comuns, quem não domina o assunto precisa sempre ler anotações. Essa é a maior
prova que você não sabe muito, sobre o que está falando.
Evitar
contato visual: Esse é importante, para que as
pessoas na audiência sintam que você está falando diretamente para eles. Tente
não olhar para cima ou para o chão, isso pode passar a impressão que você não
está se sentindo bem, está envergonhado, está inseguro ou é um “esnobe”.
Não
se vestir de maneira adequada:
Antes de fazer qualquer tipo de palestra ou apresentação, analise o assunto e o
público. Repare que as pessoas que falam sobre economia, dinheiro e negócios
estão sempre de terno e gravata. Já as pessoas que falam sobre Cinema ou artes
podem se vestir de maneira mais descontraída. Estude a sua audiência!
Deixar
transparecer tiques ou trejeitos com as mãos:
Quer que as pessoas saibam que você está nervoso? É só gesticular sem parar com
as mãos, colocar e tirar as mãos dos bolsos para que todos saibam que você está
nervoso. Tente maneirar no movimento das mãos, uma boa técnica é segurar alguma
coisa que ajude na apresentação, com uma caneta laser ou um controle remoto.
Não
revisar e ensaiar antes a apresentação:
Se tivéssemos que eleger ao menos um dos erros, esse seria o escolhido. Quem
ensaia a apresentação, antes de ministrar a mesma, tem a chance de corrigir
todos os erros e até mesmo planejar melhor o tempo da apresentação.
Ficar
estático: Cuidado com os excessos de movimento,
mas cuidado para não virar uma estátua! Os movimentos que o nosso corpo faz ao
conversar são naturais, por isso você deve tomar cuidado também para não acabar
ficando bitolado em ficar estático. Caminhe pelo palco, gesticule e saia do
púlpito para se integrar com a audiência.
Ler
os tópicos dos slides: Apesar de ser parecido com o
primeiro erro, aqui temos o erro clássico de ler, integralmente, os tópicos dos
slides. Nunca, mas nunca faça isso!
Não
fale demais, apenas o necessário:
O tempo das apresentações é algo que deve ser levado extremamente a sério,
principalmente em ambientes corporativos. Planeje bem e seja objetivo. Algumas
empresas para evitar apresentações intermináveis começam a adotar as regras do 10-20-30 (10 slides, 20 minutos, fonte 30) ou Pecha
Kucha (20X20 – Vinte slides (20 segundos cada – total de 6
minutos e 40 segundos).
Não
estimular a audiência: Se você não acredita que o assunto
apresentado é interessante, pode ter certeza que a sua audiência não vai achar.
Assim como um professor que dá aula sobre algum assunto que não gosta, um
palestrante que não consegue contagiar e estimular a audiência deve repensar os
seus conceitos e a dinâmica da apresentação.
Não
terminar a apresentação com uma mensagem ou fato inspirador: Por último, temos um erro muito interessante e
que eu mesmo cometo às vezes. Muitas pessoas pensam que a parte mais importante
da apresentação é o meio, com o conteúdo principal. Mas, a parte final da
apresentação deve ser sempre encerrada com uma mensagem para reflexão,
mensagem, imagem ou algo que inspire a audiência.
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