PECHA KUCHA - RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA ( Por Paula Nader*)
Outro
dia fui convidada a realizar uma apresentação ao time de recursos humanos do
banco sobre o tema cliente. Até aí, tudo bem. A novidade é que eu deveria
fazê-la utilizando um método chamado Pecha Kucha.
Apelei
para São Google e descobri que o tal método havia sido criado por dois
arquitetos japoneses que, cansados das intermináveis, confusas e chatíssimas
apresentações tradicionais, propuseram-se a falar de todo e qualquer assunto em
20 slides. Nem mais, nem menos.
Porém
não é só isso: os 20 slides devem ser exibidos em 20 segundos cada. Nem mais,
nem menos.
A
primeira vantagem do Pecha Kucha é que qualquer exposição dura exatos seis
minutos e 40 segundos, o que permite aos organizadores montar uma agenda que
abrigue mais speakers do que o normal e, portanto, que mais temas sejam
cobertos, ou que mais perspectivas sobre um mesmo tema sejam mostradas.
Para
o apresentador, alguns desafios se impõem. Primeiro, ter uma história central
com começo, meio e fim muito bem definidos. Depois, pensar em 20 ideias que,
encadeadas, nos ajudem a contar essa história de forma compreensível.
Isso
feito, vamos montar os slides! Constata-se na prática o que já estamos cansados
de saber: uma imagem fala mais que mil palavras.
Assim,
você se vê entrando no incrível mundo do Creative Commons (e nos cafundós dos
seus arquivos pessoais e dos arquivos dos amigos que pensam mais ou menos como
você) buscando fotos, ilustrações, gráficos e pequenas frases que melhor
traduzam o ponto que você quer fazer em cada um dos 20 slides.
Algumas
horas depois, os quadros estão prontos e você, morto de cansado, descobre que a
transição entre slides será automática e que você terá de treinar, treinar e
treinar para garantir que a história que você inventou saia naturalmente, e que
sua fala acompanhe o fluxo dos slides. Seu corpo, sua cabeça e seu coração
devem estar sintonizados na mesma frequência.
É
aí que aparece a segunda vantagem do Pecha Kucha: as chances de fazer uma
intervenção relevante aumentam bastante porque o método exige que você se prepare
muito bem para a apresentação, chegando a um nível de presença e concentração
que só agregam clareza e precisão às suas ideias. Nada de raciocínios
circulares, inconclusivos, confusos. Nada de falar ligado no automático.
Porém
a vantagem mais importante é a terceira: se você seguir o processo direitinho,
se surpreenderá com uma audiência atenta, entretida e animada por ter acesso a
conteúdos interessantes apresentados de forma dinâmica e, literalmente, bem
pensada. Uma audiência que reconhece que você se preparou para estar lá e
retribui com foco total em você e na sua história. Sem bocejos. Sem cochiladas.
Sem chamadas telefônicas, whatsapps ou escapadas na web, porque, afinal, essas
coisas podem esperar seis minutos e 40 segundos.
Alguns
podem estar pensando que é impossível abordar uma ideia com profundidade
seguindo esse caminho. Mas, se você consegue fazer maravilhas em um filme de 30
segundos, imagine o que pode fazer com 400!
A
verdade é que o tal Pecha Kucha foi uma das melhores surpresas que eu tive
ultimamente. Mais do que isso, a experiência transformou definitivamente a
minha forma de desenvolver as apresentações que faço todos os dias.
Por
que você não tenta? Mais respeito às suas ideias. Mais respeito ao tempo que o
outro te dedica. Eu achei sensacional.
20/07/2013.
(*)
PAULA NADER é diretora de marca e marketing do Santander. Este artigo está
publicado na edição 1567 do Meio & Mensagem,
de 08 de julho, nas versões impressa e para tablets, exclusivamente para
assinantes.
ASSISTAM O VÍDEO, ABAIXO:
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